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Entenda a Diferença Entre Precatórios e Requisições de Pequeno Valor (RPVs)

A diferença entre precatórios e requisições de pequeno valor (RPVs) é fundamental para quem precisa entender como o governo realiza pagamentos decorrentes de decisões judiciais. Esses mecanismos, embora semelhantes em sua essência — ambos representam formas de quitar dívidas públicas —, possuem distinções importantes que impactam diretamente o tempo e a forma de recebimento dos valores. Este artigo explicará detalhadamente o que é precatório e RPV, como funcionam e em quais situações cada um é utilizado. Além disso, discutiremos os critérios de valor, prazos de pagamento e as implicações dessas diferenças para os credores.


Definição e Contexto Legal


Precatórios são ordens de pagamento expedidas pelo governo para quitar dívidas decorrentes de sentenças judiciais transitadas em julgado, ou seja, quando não há mais possibilidade de recurso. Essas ordens são utilizadas para valores que excedem o limite estabelecido para as requisições de pequeno valor (RPVs). A Constituição Federal regula a emissão de precatórios, estabelecendo regras sobre sua inclusão nos orçamentos públicos e prazos para pagamento.


Por outro lado, as requisições de pequeno valor (RPVs) são mecanismos que facilitam o pagamento de dívidas menores, evitando a burocracia envolvida na emissão de precatórios. Os valores limites para uma RPV variam conforme a esfera de governo (federal, estadual ou municipal) e são definidos por leis locais, mas, em geral, envolvem quantias que não ultrapassam o teto estipulado, como, por exemplo, 60 salários mínimos no caso de RPVs federais.


Critérios de Valor e Prazos de Pagamento


Um dos aspectos mais importantes na distinção entre precatório e RPV é o critério de valor. Quando uma sentença judicial fixa um montante a ser pago por uma entidade pública, é necessário verificar se o valor está dentro do limite estabelecido para as RPVs. Se o valor for inferior ao teto de RPV, o credor receberá o pagamento por meio de uma RPV. Esse mecanismo é mais ágil, com prazo legal de até 60 dias para o pagamento.


Se o valor ultrapassa o limite, a dívida será paga por meio de um precatório. Diferente das RPVs, os precatórios são pagos conforme sua inclusão no orçamento público do ente devedor, processo que pode demorar vários anos. Por exemplo, um precatório expedido até o dia 1º de abril de um determinado ano será incluído no orçamento do ano seguinte, enquanto os expedidos após essa data serão pagos no ano subsequente.


Processo de Homologação e Cálculo


Antes de definir se o pagamento será realizado por meio de precatório ou RPV, é necessário passar pelo processo de homologação de cálculos. Após o trânsito em julgado da decisão, o juiz, com o auxílio de contadores judiciais, valida os cálculos apresentados pelas partes. Esse processo é crucial, pois o valor final homologado determinará se a dívida será paga como uma requisição de pequeno valor ou como um precatório.


Esse processo de homologação garante que ambas as partes tenham a oportunidade de revisar e, se necessário, contestar os cálculos apresentados. Em casos onde há discordância, novas perícias podem ser solicitadas, o que pode prolongar o tempo até a definição do valor a ser pago.


Impacto das Entidades Devedoras


Os prazos e procedimentos para pagamento de precatório e RPV variam significativamente dependendo da entidade devedora. No nível federal, os pagamentos tendem a ser mais rápidos, especialmente no caso das RPVs, podendo serem concluídos em poucos mêses. Contudo, quando a dívida é de responsabilidade de estados ou municípios, os prazos podem se estender por muitos anos. Por exemplo, o estado de São Paulo pode levar até 15 anos para realizar o pagamento de precatórios, enquanto alguns municípios podem demorar ainda mais.


Esse aspecto é particularmente importante para credores que dependem do recebimento desses valores para quitar dívidas ou fazer investimentos. No caso das requisições de pequeno valor, a celeridade no pagamento é uma vantagem significativa, mas é limitada pelo teto estabelecido.


Venda e Cessão de Créditos


Tanto os precatórios quanto as requisições de pequeno valor podem ser vendidos, o que se torna uma opção atraente para quem não pode ou não deseja esperar pelo pagamento. A cessão de crédito de precatório ou RPV é permitida por lei e pode ser realizada a qualquer momento, independentemente de onde o pagamento se encontra na fila de prioridades. Essa venda geralmente é feita com um deságio, ou seja, por um valor inferior ao nominal, o que pode ser vantajoso para quem precisa de liquidez imediata.


No caso das RPVs, a venda é menos comum devido ao prazo curto para pagamento. No entanto, a possibilidade de cessão de crédito existe e pode ser explorada por aqueles que precisam do dinheiro de forma imediata.


Atualizações Recentes e Aspectos Práticos


Recentemente, mudanças na legislação e nas resoluções do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) trouxeram inovações para o pagamento de precatórios e RPVs. A Resolução 303/2019 do CNJ, atualizada pela Resolução 482/2022, trouxe maior clareza e agilidade para o processo de expedição e pagamento, especialmente em relação às RPVs. Além disso, a Emenda Constitucional 114/2021 introduziu ajustes significativos nos regimes de pagamento de precatórios, buscando equilibrar as finanças públicas com a necessidade de cumprimento das decisões judiciais.
Para quem se encontra na situação de receber valores de uma ação judicial contra o governo, entender as diferenças entre precatórios e requisições de pequeno valor é crucial. As RPVs, com sua agilidade e simplicidade, ocorrem para valores menores, enquanto os precatórios, que demoram mais tempo para o levantamento, incidem para quantias maiores.


Em conclusão, tanto precatórios quanto RPVs são mecanismos essenciais para o cumprimento de decisões judiciais que envolvem dívidas públicas. Compreender as nuances e implicações de cada um pode fazer uma diferença significativa na forma como os credores planejam e recebem seus pagamentos. Para aqueles que buscam maior rapidez e menos burocracia, as requisições de pequeno valor oferecem uma solução eficiente, desde que o valor devido esteja dentro do limite permitido.

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